O Último Véu — A Verdade que o Medo Ainda Protege

Imagem gerada por IA com curadoria de Bruno Melos

Por Bruno Melos

Há uma fronteira silenciosa entre o que acreditamos ser e o que realmente somos. Essa fronteira tem nome antigo, medo. Não o medo instintivo de quem foge do perigo, mas o medo sutil que se disfarça de prudência, moral e rotina… o medo que protege o véu da verdade.

Toda alma em busca de clareza chega a esse limiar. Primeiro, questiona o mundo. Depois, questiona a si mesma. Mas, quando o véu começa a se mover, o ego se agita… ele sabe que a travessia o dissolve. Por isso, o medo não é o inimigo da verdade: ele é o porteiro da consciência.

“O medo é o último anjo antes da porta.”

Bruno Melos

O medo protege não o mal, mas o que ainda não está pronto para ser visto. Ele é o guardião da passagem. Quando insistimos em atravessar sem preparo, ele se torna pavor. Quando atravessamos com presença, ele se curva e abre caminho.

Cada crença rígida, cada dogma absoluto, cada papel que defendemos com fervor… são véus. São camadas erguidas para que o ego continue acreditando que é dono da luz. E, enquanto os véus nos separam da essência, acreditamos que Deus é distante, o mundo é cruel e a alma precisa ser salva.

Mas chega o instante em que a alma não aceita mais promessas. O medo tenta negociar: “volte, não há nada além do que você já sabe”. Ainda assim, algo dentro caminha. Esse algo é o verdadeiro impulso divino… a vontade de ser inteiro, mesmo que isso custe todas as certezas.

“A verdade nunca destrói. Ela apenas revela o que o medo inventou.”

Bruno Melos

A Travessia que Liberta

A travessia começa no ponto onde a dor deixa de ser castigo e se torna ferramenta. O sofrimento, então, revela sua função: quebrar a superfície. Cada lágrima é um solvente que dissolve o véu da ilusão… não há queda, há descascamento.

O medo de ver é o mesmo medo de perder. Mas o que se perde ao atravessar é apenas o disfarce: o nome que o sistema deu ao teu espírito, o papel que o mundo te vendeu, a culpa que a religião te ensinou. E o que se ganha? Liberdade… que é apenas outro nome para verdade.

O último véu é o da separação. A ideia de que o divino está fora, que a salvação é distante, que a perfeição é inalcançável. Por isso, o medo luta até o fim: se o homem lembrar quem é, o sistema perde o controle.

“O sistema teme o homem desperto, porque ele não precisa de mediadores entre si e Deus.”

Bruno Melos

E aqui mora o ponto mais delicado: a verdade não é confortável. Ela exige despir-se de identidades, de títulos e de pertenças. Não é algo que se aprende… é algo que se recorda. E recordar quem somos é, inevitavelmente, desobedecer ao papel que nos deram.

Quando o último véu cai, não há aplausos nem clarins… há silêncio. Um silêncio pleno, onde a alma se reconhece como o próprio som do universo. Nenhuma doutrina sobrevive a esse instante; nenhuma hierarquia o traduz.

“A verdade não liberta quem a repete — liberta quem a encarna.”

Bruno Melos

A verdade final é simples demais para ser escrita, mas complexa demais para ser vendida. O medo ainda tenta proteger sua sombra, mas a luz não disputa. Ela apenas se revela quando é hora.

Se você chegou até aqui, talvez o véu já esteja se movendo. E, se ainda há medo, saiba: ele não te impede… apenas te prepara. O último véu não é um obstáculo. É o portal entre quem você pensa ser e o que você sempre foi.


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